Patricia Carvalhinhos

Resumo

Possui graduação em Letras pela Universidade de São Paulo (1994), mestrado em Lingüística pela Universidade de São Paulo (1998) e doutorado em Lingüística pela Universidade de São Paulo (2005). Atualmente é professor doutor II ref. ms-3 da Universidade de São Paulo. Sua produção e experiência, ainda que fortemente pautada nas ciências da linguagem, é marcadamente interdisciplinar pela própria essência de sua área de atuação: Onomástica. A ciência dos nomes, desdobrada entre o estudo de nomes de lugares e nomes de pessoas (além de nomes em geral), só pode ser estudada sob a perspectiva da interdisciplinaridade. Sua produção dialoga com várias disciplinas: linguística, história, geografia, cartografia, urbanismo, antropologia, psicologia, religião.

Currículo Lattes

Projetos de pesquisa

2025 - Atual

Memória Toponímica de São Paulo e de outros espaços - fase 2

Descrição: As cidades brasileiras, bem como as cidades em geral, foram compelidas a adotar um modelo de denominação para seus logradouros públicos vinculado quase exclusivamente à homenagem. Fica evidente, pois, que um logradouro fora do centro ou centro expandido de uma cidade possui um grande potencial de ter recebido uma denominação completamente desvinculada de sua formação espontânea, motivo pelo qual o nome cumpre a função denotativa. É de se ressaltar que, com o passar do tempo, a ligação denominação/genérico denominado se intensifica e cria efeitos nos habitantes, mas prevalece a função de identificação. O método tradicional de análise taxonômica dificilmente irá revelar algum dado consistente além da biografia do homenageado. Na cidade, pois, deve-se usar de uma abordagem teórica e metodológica mista: tratar segundo o método tradicional todos os elementos físicos (rios, córregos, depressões, vales, enfim, toda sua paisagem natural) e buscar com o auxílio da Toponímia Crítica os motivos para o processo de denominação, quase sempre de ordem política.Fontes: São Paulo e cidades da região metropolitana: Para a cidade de São Paulo, diacronicamente, utilizaremos a Coleção Sara Brasil, as cartas Gegran e outras, entre as décadas de 1930 e 1950 (e ocasionalmente anteriores). Sincronicamente, os mapas base disponibilizados pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU), além da Plataforma GeoSampa podem auxiliar no cruzamento de dados. Cidades paulistas e de outros estados: base cartográfica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Exército do Brasil. O IBGE disponibiliza inúmeras plantas e cartas com escala variada (1:25.000 até 1:500.000; as mais adequadas são as que possuem escala entre 1:50.000 e 1:100.000) em seu canal Geociências.Outras fontes primárias: diários de viagem, borradores, listas de nomes, crônicas; ou ficção. A coleta é realizada mediante leitura, manualmente.Resultados. Espera-se obter um estudo interpretativo que ponha em relevância os principais motivos das denominações paulistanas, bem como apurar antigos nomes e referenciais desaparecidos com as transformações naturais e com os processos de renovação urbana. Os resultados apontarão possíveis padrões denominativos convergindo para a recuperação de nomes desaparecidos da toponímia da cidade mas ainda presentes na memória dos moradores. Dessa maneira, também aspectos da paisagem urbana modificada poderão ser recuperados pelos nomes de lugar. A cada novo bairro estudado, será possível agregar novos elementos e expressões que, eventualmente, poderão complementar material iconográfico, inclusive fotográfico ou seja, elementos encontrados neste tipo de registro, outrora ignorados por registros cartográficos oficiais, mas que poderão ainda permanecer na memória do grupo. Tal resgate objetiva, sem dúvida, auxiliar na reconstrução da história recente dos bairros (pelo menos cem anos, haja vista a idade dos informantes); além disto, o material coletado nas entrevistas poderá ser publicado, a fim de, além de constituir relato de cunho histórico, servir de fontes primárias para outros tipos de pesquisadores, por exemplo, em análise do discurso, análise sincrônica da língua portuguesa, etc.

 

2024 - Atual

Antroponímia paulista: os nomes de nossos antepassados presentes nos Maços de População - Fase 2: Século XVIII- 1765-1767

Descrição: Este projeto propõe a continuação dos estudos iniciados em sua primeira proposição, Antroponímia Paulistana: os nomes de nossos antepassados presentes nos Maços de População. Fase 1: Século XVIII. Sua continuação objetiva avançar cronologicamente pelo elenco de nomes de paulistas no século XVIII, o que se justificará no item 4 deste projeto.Conforme já se pontuou na versão inicial lançada em 2022, a Antroponímia, disciplina onomástica que direciona este estudo, possui perfil interdisciplinar. Parte integrante dos estudos do léxico, as ciências onomásticas, cujo principal objeto de estudo é o nome próprio, possuem interface com várias ciências e disciplinas. O estudo do nome próprio revela dados não apenas sobre a língua de um povo ou grupo, mas sobre a cosmovisão, os valores, estrutura social, crenças, entre outros. Um projeto que tem como objeto o nome próprio de pessoa busca, então, muito mais que compreender seu significado linguístico, e, neste sentido, a etimologia é apenas uma das vertentes em questão e nem sempre a mais representativa.Em se tratando de um elenco de antropônimos, há, como se detalhou, várias abordagens possíveis além da linguística. Considerando essa pluralidade, o projeto objetiva a) identificar um sistema de transmissão de nomes no Brasil; b) detectar questões políticas e religiosas relacionadas aos nomes de pessoas; c) revelar padrões motivadores mais frequentes. Para tanto, a fonte primária será um conjunto de documentos censitários identificados como Maços de População. O Arquivo Público do Estado de São Paulo (APESP) oferece algumas informações sobre a coleção em sua página web:Os "Maços de População" são estruturados como listas nominativas anuais, que relacionam informações detalhadas sobre cada indivíduo, livre ou escravo, por domicílio: nome, idade, grau de parentesco ou de relação com o chefe do domicílio, estado conjugal, cor, naturalidade e ocupação, além dos dados sobre a atividade econômica do domicílio. Os domicílios de cada vila eram reunidos por Companhia de Ordenança, em maior ou menor número, dependendo das dimensões da população. Ao final, tabelas ("mapas") resumiam as informações demográficas e econômicas por vila, permitindo a tabulação final dos dados referentes a todo o território paulista. A série "Maços de População" pertence ao fundo Secretaria de Governo por acumulação e é composta por arrolamentos da população produzidos pelas Companhias de Ordenanças (1765-1831) e pelo Juízo Municipal distrital (1831-1850). (APESP, http://www.arquivoestado.sp.gov.br/web/digitalizado/textual/macos_popul…)Considerando esses Maços de População (da Província de São Paulo durante o século XVIII (1765-1800), a primeira versão do projeto propunha-se a avançar, de modo significativo e global, coletando e analisando todo o acervo do século XVIII. Contudo, a tarefa revelou-se tão rica que se fez necessário ralentar o ritmo e deter-se ainda nesse século, mormente no ano de 1765. Na primeira fase, transcreveu-se e analisou-se a vila de Guaratinguetá, além de iniciar-se o levantamento do elenco de nomes relativo a algumas freguesias da cidade de São Paulo. O título original do projeto em sua primeira fase fazia referência à antroponímia paulistana, mas a riqueza dos dados levantados inicialmente conduziu à adequação do título (antroponímia paulista).As fontes primárias para levantamento estão disponíveis no acervo digitalizado do Arquivo do Estado de São Paulo, mas, como já se destacou, eventualmente serão necessárias visitas ao acervo físico. A análise abrange prenomes e sobrenomes de moradores de várias faixas etárias e também de pessoas em situação de escravidão.